Amor
judia um pouco antes de virar adulto.
Às vezes, faz as malas e vai embora,
prematuro, incompreendido, quando a incongruência não se transpõe.
Mas, se
resiste forte, conhece a calmaria e descobre a redenção, e a certeza de sua
chegada se espalha como um mar de plenitude nos corações jubilados pela graça
sossegada que só um sonho bom consegue desenhar.
O
mundo melhora quando alguém começa a amar.
Quem ama de verdade emana bondade,
frescor paciente, calma sincera.
Quem ama de verdade é ridículo o tempo todo,
seja na fala mansa de contentamento, ou nos versos espontâneos que surgem
quando se dá à filosofia sobre o mundo, a vida, ou qualquer singeleza que
subitamente lhe desperte poesia.
Amor
é passagem só de ida.
Ao chegar, revolve tudo até se acomodar. Cura feridas,
limpa mágoas, seca lágrimas, até que bate as mãos e se instala feliz na
tranquilidade que conquistou.
Uma vez bem alojado, demanda esforço e atenção,
num prazeroso cuidado que dispensa migalhas e só se serve de verdade se for da
quitanda inteira.
Se um
dia acontece de partir, fica a certeza de que ele foi infinito enquanto durou.
O coração que tanto se deu carregará para sempre a tatuagem da história vivida.
Não é para qualquer um, amigo, não é para quem quer. Amor não tem volta.
A
entrega exige coragem e uma boa dose de sandice.
Amor não tem definição,
tempo, lugar, nada. Tentaram Houaiss, Camões, Paulo de Tarso, Vinícius e o
mundo inteiro.
Tento eu, tentamos nós, e ele sorri esquivo na certeza de sua
fluida escapada de sucesso. Por ele, sempre valerá a pena lutar e… viver!
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