Gosto de dizer aos
jovens de todas as idades, que a idade é uma ferramenta criada para que
possamos nos reinventar a cada 365 dias, sempre com um modelo novo, somando
acessórios definidos como experiência em nossa bagagem existencial. Porém, para
muitos a idade serve apenas de desculpa, colocando nela toda culpa pela
infelicidade de não se tentar novamente viver. E assim a realidade vai nos
puxando pelo braço e em seu abraço nos acomodamos, nos deixamos padecer.
O que é a velhice
forjada pelo tecido dos anos, frente a uma alma eterna?
Se não existe uma
idade certa para se morrer quanto mais para nos restringir de viver. O maior
problema do ser humano é não conseguir aceitar que foi criado com uma essência
imortal, alojada dentro de uma embalagem perecível.
Quando somos
fisicamente jovens nossos hormônios nos gritam loucuras, instigando uma mente
ainda meio criança aos seus devaneios obedecer. Não somos trens de carga,
obrigados a seguir os caprichos das linhas do destino, mas podemos transformar
estas linhas em um belo bordado. Eu, por exemplo, sou viciado em viver, se me
privarem deste vício fatalmente irei morrer.
Dizer que temos um
destino já traçado só é válido para quem se conformou. Pois, quem não quer
seguir pela única estrada existente em uma montanha, sairá da estrada e
escalará a rocha, experimentando a intensidade de cada instante, sem olhar para
o que já passou, por saber que o que realmente importa é o momento presente e
não aquilo que ficou para trás. Mas as pessoas costumam gastar mais tempo
reclamando dos sofrimentos de um único passado, do que buscar a chance de
tentarem melhorar inúmeras possibilidades de futuro.
Preconceitos e
sentimentos de inveja, mesquinharias, egoísmo, são drogas mentais que costumam
parasitar em indivíduos que deixaram a juventude morrer em seus corações,
agindo como se não tivessem mais nada de bom pelo que viver. Somos crianças
convivendo com outras crianças, interpretando papéis escritos em moldes
pré-fabricados como corretamente adultos.
Vivemos aglutinados
em montinhos de gente, que se intitulam como pretensas sociedades, impondo
limites de fronteira (fictícios pedaços de terra) para seus próprios irmãos de
carne. Crescemos obedecendo a condutas que estabelecem quando devemos nos
sentir crianças, jovens, adultos ou velhos, com base apenas em nossa idade
física, sem levar em conta a essência de nosso ser. E assim a sociedade
(alimentada por nossa torpe moralidade) vai ditando comportamentos e destruindo
a eterna juventude que repousa dentro de cada um de nós, esquecendo que nossa
vida é tão breve que não temos tempo de envelhecer.
Não devemos ficar
parados nas encruzilhadas da existência, como quem veste uma roupa sem nunca
mais querer tirá-la. A arte da eterna juventude consiste em rejuvenescer a cada
ano que passa, a cada novo dia, para que assim possamos chegar ao fim de nossas
vidas, com a alma tão jovem quanto no dia em que nascemos.
*Antonio Brás
Constante
Escritor gaúcho
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